Draft

Rodrigo Seixas
3 min readDec 31, 2016

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Depois da 18ª rodada do Campeonato Brasileiro, o Palmeiras empatou com a Chape, chegou a três jogos sem vitória e perdeu a liderança. Ouvi de amigos palmeirenses que faltava um “camisa 10”, Everton Ribeiro era a esperança, faltava também um substituto a Gabriel Jesus, na seleção olímpica. Chegou apenas Leandro Pereira, que até chegou a fazer um gol, mas teve importância minúscula para o time campeão.

O torcedor de futebol adora ver seu time adquirir um novo jogador, sobretudo brasileiros e ingleses. Jornais do mundo tudo ganham dinheiro na época de férias com as contratações finalizadas e, principalmente, com as “possíveis”. Tevez no Corinthians é quase todo ano, Conca em algum time, Barcos, Marcelo Moreno, Everton Ribeiro, Tardelli e Montillo. Este último que depois de tanto se especular vai voltar a jogar no Brasil, no Botafogo, outros desta lista podem fazer o mesmo.

Nesta época do ano todo time está invicto, a esperança de um time melhor com as contratações é sempre imensa e todo torcedor imagina na cabeça como ficará o time com os reforços. Imagine se tivesse Draft (quando os times da NFL e NBA escolhem os jogadores das universidades) no futebol.

Em São Paulo, o time que tem mandando bem nas contratações este ano, e nos últimos dois, é o Palmeiras. Guerra chegou como reforço pesado, além de outras contratações e sondagens. Alexandre Mattos deve ter sido um ótimo conquistador de namoradas na juventude, consegue convencer qualquer um a vir jogado no alviverde, ganha qualquer dividida e arrancou Cuca de seu momento família para ser campeão. Apesar do poder de convencimento de Mattos, nada seria possível sem o dinheiro da Crefisa e de Paulo Nobre.

Na história dos melhores times palmeirenses, na maioria das vezes, era formado de boas contratações. O Palmeiras de 2016 tinha uma exceção em seu melhor jogador, um jovem da base: Gabriel Jesus. Chegou a acontecer em 1958, com Mazzola. Naquela época Mazzola foi vendido à Itália depois de ser campeão mundial com a seleção, com o dinheiro do jogador surgiu à primeira academia alviverde, Chinesinho e Julinho Botelho vieram com o dinheiro da estrela da base.

Nos anos 1990, com a Parmalat, o elenco palmeirense, em 1993 teve: Evair, Edmundo, Flavio Conceição, Edilson e Antônio Carlos (nenhum da base). Depois, em 1996: Rivaldo, Cafu, Müller, Djalminha e Luizão. Diferente do Santos que usa a base nas principais conquistas, o Palmeiras usa as boas contratações, sejam elas de jogadores achados ou já consagrados. O Palestra não usa muito o “Draft”.

Comprar muitos jogadores e trocar de elenco toda hora não ajuda o time. O Palmeiras reformulou todo o elenco depois de 2014 e sofreu para encaixar a equipe. Os clubes precisam juntar todas as informações dos jogadores: parte técnica, tática, médica, fisiológica, alimentícia e psicológica. Trazer um jogador novo requer um trabalho muito além do dinheiro e da imaginação de uma boa alternativa a equipe. O ideal e dar continuidade ao bom trabalho e ir, aos poucos, atualizando o time com novas ideias e profissionais. O jogador precisa de tempo para se adaptar a tudo que envolve jogar no novo clube. Muitos nunca conseguem e muitos times são lindos no papel.

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